sábado, 14 de novembro de 2015

Parte anjo, parte descaso.

Olá,
Sei que o mundo atualmente está sofrendo com tantas tragédias. E sei que tragédia, já é o vemos todos os dias quando assistimos e/ou lemos o jornal do dia ou acessamos nossas redes sociais.

Mas hoje, nessas linhas, não venho falar sobre Mariana, o Rio Doce ou Paris. Eu venho relatar um incidente que ocorreu aqui em Curitiba. Dentro do meu restaurante. Claro, que não tem a gravidade das não sei quantas mortes que houveram no total, mas é um descaso. A sorte que para balancear, tiveram os anjos.

Hoje, era um dia normal, tranquilo. Sábado, nada de estranho acontece no sábado. Um senhor de 84 anos, que almoça com uma certeza regularidade lá, chegou para almoçar, foi recebido e assim ele se encaminhou para se servir do buffet. Eu percebi que ele estava se apoiando um pouco demais nas coisas, mas de forma que estava bem disfarçado e com pressa. Juro que eu pensei que poderia ter alguma dificuldade de locomoção. Se até eu as vezes estou com a perna estourada, imaginemos um senhor de idade. Ele fez um prato de salada e foi se sentar.

Foi ai que tudo começou. Em menos de 10 minutos, um barulho muito alto preencheu o salão. Antes mesmo do senhor poder começar a almoçar, ele tinha desmaiado e caído da cadeira, fazendo três cortes que depois avisaram que pareciam superficiais na cabeça. No segundo seguinte, vejo um casal de clientes que estavam se servindo saindo correndo ajudar e pedindo ambulância.

Tentamos os números da amada emergência e esta só tinha mensagens gravadas. Muitos sugeriram outros números e no final, estávamos ligando para o 190, 192 e 193 ao mesmo tempo. Só precisávamos de uma ambulância para aquele senhor que ainda estava desmaiado. Um atendente lá do restaurante, depois de ver que estávamos na linha há muito tempo, saiu correndo para a praça ali perto ver se conseguia ajuda de alguma viatura. Uma vez que eu repito, que ninguém atendia.

O senhor recobrou a consciência e meus clientes se mantinham lá. Do lado dele, enquanto corríamos cada vez mais por auxílio. Nos ajudaram a mantê-lo lá. Seguro. Sem se mexer. E conversando, para que não desmaiasse novamente.

Até a Rotam apareceu antes no restaurante do que o Siate. E depois ainda ficamos sabendo que o Siate tinha se confundido de endereço. Só sei que eles só vieram porque o gerente do restaurante tinha o telefone de um cara lá de dentro e por algum milagre, este atendeu o telefone, que não era da emergência. E mandou ajuda.

Assumo que nunca tinha tido chamado ambulância para ninguém na vida por isso posso ter ficado um pouco chocada demais, mas ficou claro não só para mim, mas para todos os clientes que estavam naquele restaurante que o socorro não é prioridade. Que a sorte desse senhor foi ele ter desmaiado, batido a cabeça e ter o apoio de todos, porque se por algum acaso fosse um derrame, um infarto, quem sabe o que poderia ter acontecido?

Não estou a par de como está a situação desse órgão aqui na cidade, mas que é lamentável ter que ficar ouvindo mensagens gravadas enquanto você vê uma pessoa precisando de uma ajuda que não pode dar, que não depende de você.

Eu, nesta postagem sem fotos e risadas, quero na verdade, agradecer os heróis desta história. Eu quero agradecer pela empatia e carinho que todas aquelas pessoas tiveram por aquele senhor, aquele casal que já tinha um pouco mais de preparo para ficar com ele até o socorro chegar, agradecer ao atendente que foi correndo em pleno fôlego procurar ajuda, agradecer também à garota que trabalha na balança com a gente que ficou me ajudando a escutar os telefones, ao gerente por conhecer alguém lá de dentro e por este cara ter atendido o telefone.

Pode ser que talvez a ficha não tenha caído, mas vocês ajudaram! Não sabemos o que pode ter acontecido, então saibam que vocês, cidadãos, vocês sim fizeram o seu trabalho.

Ah, e não posso esquecer de agradecer pela compreensão de todos. Depois que finalmente o siate chegou depois de muito tempo mesmo, o restaurante estava uma bagunça e até aqueles que não viram aquele senhor deitado no chão, entenderam a situação e foram muito compreensivos conosco.

Muito obrigada, anjos!

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